27.3.07

O cheiro da minha infância

Passando pela Praia de Botafogo numa dessas manhãs senti um cheiro gostoso de brisa. Era o mesmo cheiro que eu sentia nas manhãs que acompanhava minha avó até a padaria. Recordei de toda minha infância na Ilha do Governador. Um saudosismo bobo de quem viveu aquele período com intensidade. Sim, pois tenho maior apreço por minha infância que adolescência. Ignoro completamente a puberdade, período obscuro da minha vida.

O cheiro da brisa pela manhã acabou sendo o cheiro da minha infância. Apesar de ter vivido momentos marcantes longe da praia não sei por que aquele cheiro marcou minha memória. Acredito que pode ser pelas lembranças que ele me remete.

Quando senti esse cheiro na segunda-feira, lembrei-me da sensação inigualável de abrir os pacotes de figurinha, conferir e separar os cromos no caminho entre a banca e a padaria. Lembrei do Chevette branco do meu avô e de como ele dirigia distraidamente: divertindo a mim e meu irmão, irritando minha avó e outros motoristas. Recordei-me dos churrascos que aconteciam todos os finais de semana na garagem do prédio.Eram bons tempos aqueles em que não tinha muito com que me preocupar (todos dizem isso). Eu enxergo ainda de outra forma, tinha muito com que me preocupar sim. Eu crescia, ainda que a revelia, e o mundo se tornava cada vez mais gigante. Hoje o mundo cresceu tanto que me sinto menor que naquela época.

Perdi o controle!

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