As lágrimas emocionadas de dois sambistas, a saudade da
minha família e a ternura da minha musa inspiram este texto. Já caminhando para
a pieguice confessa eu expresso os votos de boas festas nestas mesmas linhas. É
que o encontro daquela tarde foi inspirador para tal.
Participei do Encontro de final de ano do Grupo
"Carnaval de Manaus(ESPECIAL)" do Facebook. Uma comunidade aberta com
mais de 4 mil membros voltada exclusivamente para o debate e promoção do
Carnaval da capital do Amazonas. Aconteceu ali no Largo São Sebastião, ao lado
do imponente Teatro Amazonas e das estruturas montadas para o auto de natal ali
encenado. Cheguei atrasado em relação ao horário marcado, pois esperei a carona
da minha companheira de vida e pesquisa Taynah. Mesmo depois de dois dias
cansativos de preparação para as festas de fim de ano, ela fez questão de me
acompanhar ao encontro. A dificuldade de encontrar vaga próximo do local em
meio ao turbilhão de gente que comprava no centro da cidade seria fator para
mais stress. Enfim, paramos e nos dirigimos a pizzaria onde muitos dos membros
já aguardavam.
Amigo oculto Betinho e eu |
Ali era o momento da materialização de muitas das fotos e
nicknames que eu lia num exercício diário para me inteirar dos eventos e
últimas novidades do samba manauara. Com o fim (ou paralisação temporária) do
portal Manaus Samba, esta é uma das poucas ferramentas para informação sobre as
escolas de samba locais. Reunidos na mesa tanto membros das principais escolas
de samba da cidade, como simples torcedores rivais. Claro que não eram todos os
4 mil membros ali presentes, mas ali o discurso de rivalidade extremada muitas
vezes explicitado na própria comunidade do Facebook era arrefecido na
gargalhada de satisfação das animadas conversas que cruzam a grande távola da
Splash. Haveria um amigo oculto. Haveriam membros que revelariam seu
presenteado numa trapalhada antes da brincadeira. Gente que não se conhecia, se
conheceu depois de tanto tempo falando pelo computador. Um pouco óbvio, não?
No Rio de Janeiro, na casa da minha família, uma outra
família se reunia para celebrar o final de ano. Os amigos do Programa Cidade do
Samba a quem devo tanto por tudo que fizeram por mim (até mesmo ao cafajeste do
Mago do Samba) se esquentavam na tarde chuvosa. O mesmo ritual se repetia, das
conversas animadas ao amigo oculto. A diferença é que o grupo carioca se
conhece muito bem. Estão lá bravos defendendo a bandeira do samba, levando
informação e diversão às casas de milhões de ouvintes pelo mundo todos os
sábados, das 21hs à meia-noite. Na festa da minha casa carioca tudo acaba em
samba. Assim em meio as rabanadas e biricobicos lá estava o animado batuque de
mesa onde todo mundo canta, toca e dança. Mais do mesmo né?
Taynah, eu, Miguel, Priscila, Mirella, Thaila e Robertinho - Foto de Luciano Bittencourt |
Volto em pensamento ao Rio de Janeiro para materializar o
sorriso da minha mãe e dos meus avós com as brincadeiras que o João Estevam
promove. Visualizo meu irmão despojado da formalidade do direito para batucar
um tamborim, minha tia Mimica balançando os braços entusiasmada com a música do
Noel Rosa que alguém puxou. Mal sabem as crianças do Alemão que o pagode também
era trilha sonora dos preparativos para a chegada de Papai Noel organizada pela
galera do programa. Suspiro com um leve sorriso e a certeza de que estão bem e
felizes naquele momento, uma satisfação enorme para mim.
Randson, eu e Taynah |
Enfim, sei que me prolonguei e nem fui tão brilhante quanto
meu pai em suas colunas no Carnavalesco, mas espero ter passado o sentimento
dos meus votos de Feliz Natal e Ano Novo aos amigos. Quero abraçá-los com o
carinho infinito da Taynah. Que o espírito de congraçamento seja o mesmo que
move meus amigos da Comunidade do Carnaval de Manaus. E que o presente maior
seja a solidariedade do Papai Noel do Programa Cidade do Samba.
Papai Noel do Cidade do Samba, o melhor do mundo. |
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