24.12.13

Neste final de ano, desejo muito samba para vocês!


As lágrimas emocionadas de dois sambistas, a saudade da minha família e a ternura da minha musa inspiram este texto. Já caminhando para a pieguice confessa eu expresso os votos de boas festas nestas mesmas linhas. É que o encontro daquela tarde foi inspirador para tal.

Participei do Encontro de final de ano do Grupo "Carnaval de Manaus(ESPECIAL)" do Facebook. Uma comunidade aberta com mais de 4 mil membros voltada exclusivamente para o debate e promoção do Carnaval da capital do Amazonas. Aconteceu ali no Largo São Sebastião, ao lado do imponente Teatro Amazonas e das estruturas montadas para o auto de natal ali encenado. Cheguei atrasado em relação ao horário marcado, pois esperei a carona da minha companheira de vida e pesquisa Taynah. Mesmo depois de dois dias cansativos de preparação para as festas de fim de ano, ela fez questão de me acompanhar ao encontro. A dificuldade de encontrar vaga próximo do local em meio ao turbilhão de gente que comprava no centro da cidade seria fator para mais stress. Enfim, paramos e nos dirigimos a pizzaria onde muitos dos membros já aguardavam.

Amigo oculto Betinho e eu
Ali era o momento da materialização de muitas das fotos e nicknames que eu lia num exercício diário para me inteirar dos eventos e últimas novidades do samba manauara. Com o fim (ou paralisação temporária) do portal Manaus Samba, esta é uma das poucas ferramentas para informação sobre as escolas de samba locais. Reunidos na mesa tanto membros das principais escolas de samba da cidade, como simples torcedores rivais. Claro que não eram todos os 4 mil membros ali presentes, mas ali o discurso de rivalidade extremada muitas vezes explicitado na própria comunidade do Facebook era arrefecido na gargalhada de satisfação das animadas conversas que cruzam a grande távola da Splash. Haveria um amigo oculto. Haveriam membros que revelariam seu presenteado numa trapalhada antes da brincadeira. Gente que não se conhecia, se conheceu depois de tanto tempo falando pelo computador. Um pouco óbvio, não?

No Rio de Janeiro, na casa da minha família, uma outra família se reunia para celebrar o final de ano. Os amigos do Programa Cidade do Samba a quem devo tanto por tudo que fizeram por mim (até mesmo ao cafajeste do Mago do Samba) se esquentavam na tarde chuvosa. O mesmo ritual se repetia, das conversas animadas ao amigo oculto. A diferença é que o grupo carioca se conhece muito bem. Estão lá bravos defendendo a bandeira do samba, levando informação e diversão às casas de milhões de ouvintes pelo mundo todos os sábados, das 21hs à meia-noite. Na festa da minha casa carioca tudo acaba em samba. Assim em meio as rabanadas e biricobicos lá estava o animado batuque de mesa onde todo mundo canta, toca e dança. Mais do mesmo né?

Taynah, eu, Miguel, Priscila, Mirella, Thaila e Robertinho -
Foto de Luciano Bittencourt
Notem que algo ali quebrava o óbvio, era o samba, sempre ele. E se na tristeza profunda do banzo, da escravidão, da pobreza o samba deu razão para muitos viverem agora que ele alcança o mundo, como bem disse o poeta, sua capacidade terapêutica se potencializa. É para sarar dos grandes aos pequenos problemas da vida. As brigas do facebook se desfazem nas lágrimas e discurso emocionado do artista Miguel Soares e da rainha de bateria Priscila Carla. Lágrimas sinceras de duas pessoas que são a cara do samba manauara. Pagam qualquer sacrifício dos que ali estavam presentes, até mesmo a trabalheira dos organizadores do encontro, especialmente Luciano que apenas organizou o amigo oculto sem poder participar. Minha companheira Taynah saiu dali mais leve e empolgada cantarolando, vejam só, os versos do "Boooooni, tu és o astro da televisão..."

Volto em pensamento ao Rio de Janeiro para materializar o sorriso da minha mãe e dos meus avós com as brincadeiras que o João Estevam promove. Visualizo meu irmão despojado da formalidade do direito para batucar um tamborim, minha tia Mimica balançando os braços entusiasmada com a música do Noel Rosa que alguém puxou. Mal sabem as crianças do Alemão que o pagode também era trilha sonora dos preparativos para a chegada de Papai Noel organizada pela galera do programa. Suspiro com um leve sorriso e a certeza de que estão bem e felizes naquele momento, uma satisfação enorme para mim.


Randson, eu e Taynah
Enfim, sei que me prolonguei e nem fui tão brilhante quanto meu pai em suas colunas no Carnavalesco, mas espero ter passado o sentimento dos meus votos de Feliz Natal e Ano Novo aos amigos. Quero abraçá-los com o carinho infinito da Taynah. Que o espírito de congraçamento seja o mesmo que move meus amigos da Comunidade do Carnaval de Manaus. E que o presente maior seja a solidariedade do Papai Noel do Programa Cidade do Samba.

Papai Noel do Cidade do Samba, o melhor do mundo.




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